Natal de Emanuel, o Deus-Conosco

 


Então é Natal, um das datas mais importantes do Calendário Litúrgico Cristão. Neste dia celebramos o nascimento do Messias, do Cristo e do Salvador, que nós cristãs, cristãos e cristães cremos ser Jesus, um homem negro, pobre e vindo da cidade periférica de Nazaré, que se localizava na região da Galiléia, bem distante da Judéia, onde localizava-se a cidade de Jerusalém e a elite judaica.

 

Vários profetas e profetizas da Antiga Aliança anunciaram a vinda do Messias (מָשִׁיחַ: palavra hebraica que significa Ungido) ou Cristo (Χριστός: palavra grega que também significa Ungido). Dentre eles, o que mais fez isso foi o profeta Isaías. Ele o descreveu como “Conselheiro Maravilhoso, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9:5b).

 

Isto é, o Messias que viria não seria apenas um homem poderoso, mas o próprio Deus Eterno em natureza humana. São João, um dos quatros evangelistas, descreve em seu belíssimo Prólogo que o Logos, o Verbo Eterno, por meio do qual todas as coisas foram criadas, se fez humano (Jo 1:14) e que este Verbo é Deus, Filho Unigênito do Pai (Jo 1:1-2, 14, 18).

 

Ao lermos o Evangelho segundo São Lucas, vemos que este menino, que é o próprio Deus em carne humana, nasceu entre os animais, numa manjedoura, onde eram colocados seus alimentos. Maria, a mulher que gerou a natureza humana de Jesus, possibilitando que o Filho Unigênito de Deus se fizesse homem, e José, seu pai de coração, vagaram como refugiados para encontrar um lugar para dar à luz ao Deus-menino.

 

São Paulo, o apóstolo do Nosso Senhor Jesus Cristo, em sua Epístola aos Filipenses, nos diz que Jesus Cristo, estando na forma de Deus, esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se igual aos seres humanos (Fp 2:6-7). A palavra grega utilizada aqui para esvaziou-se é κένωση (kenósis). Como compreender este grande amor de Deus, o amor Kenótico de Deus?


Jesus é Emanuel, o Deus que abre mão da sua glória que tinha junto ao Pai e ao Espírito Santo para se fazer Deus-Conosco, a partir de sua encarnação humana. Jesus, mesmo sendo Deus, nasceu, viveu, morreu e ressuscitou como humano, de corpo humano e alma humana, por amor, piedade e misericórdia a nós, seres humanos, para que pudéssemos ter a vida eterna. Que possamos todas, todos e todes celebrar o Natal do Deus-menino.


Por Alexandre Dettmann Kurth, graduando em Licenciatura em Matemática pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes). Cristão católico apostólico evangélico episcopal anglicano entusiasta da Filosofia, da Teologia e das Ciências das Religiões e simpatizante de religiões asiáticas, como o Sanatana Dharma, o Buddha Dharma e o Taoísmo.gia.

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