Mulheres proféticas e cheias do Espírito Santo: Visitação da Bem-Aventurada Virgem Maria (31 de maio)


Como cristãos, cremos em Jesus Cristo como nosso Senhor e Salvador, o Filho do Deus Vivo, e lembramos de João como aquele que o batizou e preparou seu caminho. Homens muitos importantes para nossa fé. Porém, ambos nasceram de duas mulheres proféticas e cheias do Espírito Santo. Quando o Espírito Santo desceu sobre a Bem-Aventurada Virgem Maria (Lc 1:35), em seu ventre ocorreu um grande milagre: as naturezas humana e divina se uniram perfeitamente, mas sem confusão, gerando o Salvador da humanidade. Jesus é verdadeiro Deus, o Verbo Eterno (Jo 1:1-2), gerado na eternidade pelo Pai (Hb 1:5), e verdadeiro homem (Jo 1:14), gerado no espaço-tempo pela Virgem Maria. Isabel, parente de Maria (Lc 11:36), era esposa do sacerdote Zacarias (Lc 1:5). Ela não tinha filhos, pois era estéril e já estava em idade avançada (Lc 1:7). Mas foi abençoada com a graça de gerar o precursor do Senhor (Lc 1:14-17). Quando Maria pôs-se a caminho para a região montanhosa, dirigiu-se apressadamente a uma cidade de Judá. Entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Ora, quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre e Isabel ficou repleta do Espírito Santo. Com um grande grito, exclamou: “Bendita é tu entre as mulheres e bendito o fruto de teu ventre! Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite? Pois quando tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria em meu ventre. Feliz aquela que creu, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!” (Lc 1:39-45).

Ao olhar para Maria, Isabel não estava mais vendo apenas alguém de sua família, mas a mãe do Senhor (ἡμήτηρ τοῦ Κυρίου / imítir toú Kyríou). Na Septuaginta, tradução grega do Primeiro Testamento, o tetragrama sagrado do nome de Deus (יהוה / YHWH) é traduzido para Kyríou. Isso significa que Isabel reconheceu que menino que estava sendo gerado era próprio Deus (Θεός / Theós) e Maria era sua mãe (Θεοτόκος / Theotókos), algo que, no Concílio de Éfeso (431 d.E.C), foi proclamado como verdade da fé. Depois disso, Maria exaltou Deus como seu Salvador, porque Ele olhou para a sua humilhação como serva, e proclamou que doravante todas as gerações a chamariam de Bem-Aventurada (Lc 1:46-48). Com dom profético, anunciou o Senhor como Aquele que depõe os poderosos de seus tronos, mas a humildes exalta; cumula de bens os famintos e despede os ricos de mãos vazias (Lc 1:52-53). De forma semelhante, na Primeira Aliança, Ana, que era estéril (1Sm 1:5), louvou ao Senhor quando Ele lhe concedeu um filho (1Sm 2:1-10), o qual pôs o nome de Samuel (1Sm 1:20), afirmando que seu Deus destrói o arco dos poderosos e faz aqueles que viviam na fatura se empregarem por comida, mas os que tinham fome não precisarem mais trabalhar (1Sm 2:4-5). Assim como Ana consagrou seu filho Samuel ao Senhor, Isabel fez o mesmo com seu filho João. Que a vida e testemunho dessas grandes mulheres inspirem nossa caminhada cristã.

Por Alexandre Dettmann Kurth, Licenciando em Matemática pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (Ifes). Cristão católico apostólico evangélico episcopal anglicano buscando o diálogo ecumênico com as outras denominações cristãs e o diálogo inter-religioso com as outras religiões, principalmente o hinduísmo, o budismo, o taoísmo e as de matrizes africanas.

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